quinta-feira, junho 16, 2005

Artesanato

Numa altura em que nos últimos anos se tem assistido a manifestações de estudantes do Ensino Superior, do Ensino Secundário e até do Ensino Básico, numa altura em que se assistiu a pais que encerraram a cadeado as escolas onde têm os filhos, e numa altura em que todo o processo de colocação de professores foi o que foi, sem esquecer nos tão badalados e elevados insucesso e abandono escolar, é preciso verificar que apesar de tudo, há entre jovens, um crescente interesse e uma prática constante no Artesanato!!
Uma forma de artesanato que não é nova, mas que as estatísticas que referem o crescente consumo de Cannabis confirmam!...
Portanto apesar de toda a crise na área da educação e do consumo de drogas leves, a arte surge como uma actividade de quase tempo inteiro entre os jovens.
Passando a explicar: se Artesanato significa “manufactura de objectos com matéria-prima existente na região, ou próximo, produzidos por um ou mais artífices”, e artesão é aquele que com as suas mãos e “criatividade” produz/fabrica o artesanato, então por este raciocínio, aqueles meninos e meninas que vemos e sabemos que consomem ganzas, são portanto os novos artesãos e as ganzas o seu artesanato! Pois como qualquer peça de artesanato que exige alguma perícia, o “fabrico” da ganza também o exige…
Mas sendo o artesanato típico e tradicional de uma região, como então se pode enquadrar a ganza nisto? Fácil, a ganza é claramente um produto tradicional das ruas dos meios urbanos e suburbanos, penso que não deixa dúvidas. (Se bem que existe também nos meios rurais, mas com menor número de consumidores).
Tudo isto vem levantar dúvidas sobre a legitimidade das designações de ganzado e drogado para aquele que produz e consome, e as designações de ganza, porro, charro, charuto, pica, broca… para o “produto finalizado”, fazendo então a partir de agora mais sentido, que as designações passem a ser: Artesão Urbano - (AU) e Cigarro Tradicional Urbano – (CTU), respectivamente.
Portanto nem tudo é crise quando as estatísticas referem a crescente crise na educação e no consumo de Cannabis, pois em paralelo cresce “a olhos vistos” o interesse dos jovens pela arte, mais concretamente pelo artesanato, cujas oficinas podem ser em qualquer esquina, escadaria ou mesmo esplanada, com as vantagens de não ser necessário pagar rendas, nem despesas de água e luz… com a certeza que o produto final, terá uma probabilidade de ser consumido na ordem dos 100%.


Continuando no tema do Artesanato, lembro-me que no nosso Portugal existe uma região com uma peça de artesanato bem curiosa, original e única!
As Caldas da Rainha.
Pois é, artesanato existe em todo o globo, mas não me lembro de tomar conhecimento em revistas, jornais ou televisão, que exista outro local no mundo onde uma peça de artesanato seja uma reprodução de um órgão humano – e que órgão! Não sei se existe algures a reprodução de um rim, fígado ou de um mamilo, ou mesmo de uma nádega. Só mesmo nas Caldas existe algo assim!
Ainda mais, uma peça acabada à mão, pois é à mão que melhor se trata esta parte do corpo…
Mas mais curiosidades se levantam em redor desta peça das Caldas: Já alguém reparou que é uma verga feita de cerâmica?! Normalmente se é verga não é cerâmica, e vice-versa! Mas nas Caldas não é assim, a verga é de cerâmica!!
Nas Caldas da Rainha também é possível pintar um pincel com um pincel!! Quem inventou este objecto – o pincel, nunca imaginou que um dia existisse uma terra onde o pincel seria utilizado para pintar… o pincel!
É isso mesmo, o pincel das Caldas é pintado à mão… com um pincel! (muito repetitivo?)
Não sei se é sabido, mas existem vários tipos de pincéis para vários tipos de trabalho e para vários tipos de superfície. Já alguém se imaginou a comprar numa loja um pincel e a(o) empregada(o) perguntar qual o fim a que se destina o pincel?
- “O que vai pintar com o pincel?”
E vocês na qualidade de artesão das Caldas:
- “É para pintar o pincel.”
Qual seria a cara da pessoa que estaria atrás do balcão?
Tudo isto enquanto não se massifica “o das Caldas” ao ponto de ser produzido em série por uma multinacional ao estilo da Revolução Industrial, onde assim acabaria o pincel por ser pintado numa máquina própria, ou à pistola ao jeito dos automóveis.
Talvez a, partir daí o possamos chamar de “Autocaldas”, e este até passe a vir equipado com os mais variados acessórios da mais alta tecnologia, capazes de servir a humanidade da melhor forma, para que até seja possível um dia dizer ao vizinho:
- “O meu Autocaldas é mais equipado que o teu!...”

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